Do aeroporto para rodoviárias: crise faz população mudar forma de viajar

As férias de julho devem confirmar o que tem sido notado nos primeiros meses do ano: o aumento do número de passageiros que estão optando por viajar de ônibus. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati), de janeiro a maio deste ano houve uma elevação de 12% nesse número em viagens interestaduais. A expectativa é que, neste mês, a expansão supere 15% na comparação com julho de 2018.
A crise do transporte aéreo e o custo para despachar bagagem e para reservar assento são fatores que levam os viajantes a escolherem as estradas. “Depois do corte de voos da Avianca, que resultou em uma menor oferta de voos e em um aumento de preços, a troca do avião pelo ônibus é um movimento inevitável”, disse Ulysses Reis, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e sócio da consultoria Inovação em Varejo. “Além dos custos, muitos turistas estão evitando viajar de avião em decorrência da crise do setor aéreo no país, que tem cancelado muitos voos de última hora.”

Desde 2010, quando o número de pessoas transportadas por avião ultrapassou o das que viajavam de ônibus pela primeira vez no país, a procura pelas estradas vinha caindo — a exceção foi 2012, quando houve uma leve alta. Mas o cenário mudou novamente. De acordo com a Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata), que reúne as 290 maiores companhias de aviação do mundo, a projeção de lucro do mercado brasileiro neste ano caiu de US$ 35,5 bilhões para US$ 28 bilhões, uma retração de 21%. Na comparação com 2018, o lucro estimado pela Iata representa queda de 6,7%.

Já em faturamento (vendas de passagens e serviços adicionais) para 2019, a entidade prevê crescimento de 6,5%, chegando a US$ 865 bilhões. Em relatório, a Iata informou que o ambiente de negócios para as companhias aéreas piorou em razão do aumento nos preços dos combustíveis e do enfraquecimento do comércio global.

Os custos gerais da aviação vão subir 7,4% neste ano, superando o aumento estimado de 6,5% nas receitas. Como resultado, as margens líquidas devem ficar em 3,2%, ante 3,7% em 2018. “Este ano será o décimo consecutivo de lucro para o setor aéreo. Mas as margens estão sendo pressionadas pelo crescimento dos custos, incluindo mão de obra, combustível e infraestrutura. A forte concorrência entre as companhias aéreas impede as empresas de aumentar seus rendimentos. Ainda terão lucro este ano, mas não vai ser fácil”, afirmou o presidente da Iata, Alexandre de Juniac.

Oportunidade

A dificuldade das companhias aéreas tem feito a alegria das empresas de ônibus. De olho nessa mudança de hábitos dos passageiros, o Grupo JCA – dono das viações Cometa, Catarinense e 1001 – decidiu investir em frentes para tornar as viagens de ônibus mais agradáveis.

A empresa está implementando o bilhete de passagem eletrônico (BPE) em todas as praças em que atua, permitindo que o cliente compre sua passagem pela internet e possa embarcar direto na plataforma, apresentando o bilhete eletrônico e documento de identificação. “Simplificar o embarque do cliente para que ele possa ter liberdade e aproveitar melhor o seu tempo faz parte da nossa missão de tornar a experiência do viajar de ônibus cada dia melhor”, diz Rodrigo Trevizan, diretor de marketing do Grupo JCA. “Em paralelo ao lançamento dos novos sites, a empresa vai investir na melhoria na qualidade de internet wi-fi nos ônibus.”

Um trunfo a favor dos ônibus é a franquia mais flexível de bagagem. O passageiro tem direito a transportar uma bagagem de até 30kg e uma bolsa de mão de 5kg, além da possibilidade de viajar com o seu pet no assento ao seu lado, seguindo os procedimentos das empresas. O cliente também pode optar por uma viagem leito, com poltrona com inclinação de 180 graus. “Buscamos melhorar nossos processos continuamente e tornar o nosso serviço ainda mais descomplicado, confortável e eficaz para os passageiros”, finaliza Trevizan.
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